Que faremos, irmãos? (Final) – Nivaldo Schneider

Como se salvar desta geração perversa? Não pense que você vai se salvar desta geração perversa observando determinadas leis e tradições humanas, ou fazendo jejuns, peregrinações, romarias, ou flagelando o seu próprio corpo. Nada disso. Apenas arrependimento. O que importa é confessar sinceramente os pecados e confiar no gracioso perdão de Deus, conquistado por Jesus no seu sofrimento, morte e ressurreição. Arrependimento para que a fé possa ser fortalecida e direcionada pela ação do Espírito Santo. Se quisermos uma fé firme, precisamos da ação do Espírito Santo que sempre nos encaminha para Cristo e a sua obra. É no contato com a palavra de Deus e os sacramentos que o Espírito Santo age em nós e nos fortalece.

Se quisermos que coisas fantásticas aconteçam, que a igreja cresça e continue cumprindo a sua missão, servindo ao Senhor e ao próximo, é preciso, em primeiro lugar, falar a respeito de Jesus, que deu a vida por toda a humanidade, morreu pregado numa cruz e ressuscitou ao terceiro dia para nos reconciliar com Deus e nos dar a garantia da vida eterna. E depois, confiar que o Espírito Santo irá transformar as pessoas, levando-as ao arrependimento e a uma nova vida, transformando pessoas mortas em pessoas vivas, filhos das trevas em filhos da luz, uma igreja morta em igreja viva.

Quando as pessoas perguntam: Que faremos, irmãos? A religião cristã é a única que responde: Você não deve e não pode fazer nada. No Sl 49.7,8 o salmista diz: “Ao irmão, verdadeiramente, ninguém o pode remir, nem pagar por ele a Deus o seu resgate, pois a redenção da alma deles é caríssima, e cessará a tentativa para sempre”.

O que você e ninguém pode fazer para se reconciliar com Deus, Jesus o fez por todos. Por isso, a religião cristã é a única que nos fala de um Salvador de pecadores. Paulo afirma em 2Co 5.19: “Deus estava em Cristo, reconciliando consigo o mundo”. Esta salvaçãoem Cristo Deusnos oferece no evangelho e estes fatos nós os sabemos e cremos pela graça de Deus.

Quando Pedro respondeu a pergunta: Que faremos, irmãos? Ele orientou a seus ouvintes que se arrependessem, e eles realmente mudaram o rumo de suas vidas. Aquele que se sabe amado e redimido pela graça de Deus, coloca-se agora a disposição do Senhor e pergunta: Qual é a vontade do Senhor? Senhor, que queres que eu faça? Eis-me aqui, Senhor, envia-me a mim. Lutero explica isso de modo magistral no Segundo Artigo do Credo Apostólico: “Creio que Jesus Cristo me remiu a mim, homem perdido e condenado; me resgatou e me salvou de todos os pecados, da morte e do poder do diabo … para que eu lhe pertença e viva submisso a ele em seu reino e o sirva em eterna justiça, inocência e bem-aventurança”. E Paulo afirma em 2Co 5.15: Ele (Jesus) morreu por todos, para que os vivem, não vivam mais para si mesmos, mas para aqueles que por eles morreu e ressuscitou”.

Portanto, se alguém, preocupado com a sua salvação nos fizer a pergunta: Que faremos, irmãos? Vamos responder como Paulo respondeu ao carcereiro de Filipos: Crê no Senhor Jesus Cristo e será salvo.

Amém!

Que faremos, irmãos? (Parte 3) – Nivaldo Schneider

A esta geração também pertencem os líderes do povo nos dias de Jesus. Apesar de conhecerem a palavra e as promessas de Deus a respeito do Messias, apesar de ouvirem o próprio Jesus testemunhar que ele era o Messias prometido por Deus, eles fecharam os seus ouvidos para a mensagem de Jesus e fecharam os seus olhos para os milagres que ele fez comprovando que era, de fato, o Messias, o Salvador do mundo. Eles o perseguiram e, finalmente, o crucificaram. Por isso, Pedro os conclama para uma atitude definitiva: Salvai-vos desta geração perversa. A necessidade de se salvarem desta nos mostra que é uma geração destinada à perdição. É uma advertência válida ainda hoje para todos nós.

O vers. 41 diz: Então os que lhe aceitaram a palavra foram batizados; havendo um acréscimo naquele dia de quase três mil pessoas. Aqui está o resultado da ação do ES no coração daquele que ouve a palavra. Quase três mil pessoas aceitaram a palavra, ou seja, creram naquilo que ouviram, confiaram na palavra do Senhor e aplicaram a palavra de Deus às suas vidas e aos seus corações.

O resultado do sermão de Pedro foi uma surpresa que certamente nenhum dos discípulos teria esperado. Quase três mil pessoas foram batizadas. Isso nos mostra que a quantidade de convertidos também pode ser motivo de alegria e representa uma rica bênção do Senhor da Igreja.

A fé no coração é como um motor na vida da pessoa, começa a movimentá-la. Aqueles que aceitaram a palavra foram batizados. Esses quase três mil ganhos para a causa de Cristo no primeiro dia de missão da igreja cristã, foi muito mais do que Jesus ganhou em três anos de pregação contínua do evangelho. É exatamente por isso que Jesus fundou a sua igreja na terra. Ele não veio para evangelizar o mundo, veio para salvar o mundo. A tarefa da evangelização ele entregou para os seus seguidores. Eles deveriam evangelizar o mundo, levar ao mundo, em lugar dele, a boa nova da mensagem da salvação. E para esta tarefa específica lhes prometeu e enviou o Espírito Santo para que tivessem poder necessário para testemunhar “tanto em Jerusalém, como em toda a Judeia e Samaria e até aos confins da terra”(At 1.8).

A mensagem de Pedro não foi apenas importante para aquelas pessoas. Ela é importante para todo o mundo. E depende de nós compartilhar esta mensagem. Se nós realmente estamos convictos daquilo que confessamos no Credo, não podemos fechar as nossas bocas, mas, sim, testemunhar que o Cristo que foi morto por causa dos nossos pecados, ressuscitou, vencendo o pecado, a morte e o diabo e que esta mensagem precisa ser anunciada para que as pessoas, pelo poder do Espírito Santo tenham as suas vidas transformadas e creiam em Jesus. Estamosfazendo assim?

Será que a palavra de Deus, lida diariamente e ouvida semanalmente na igreja, de fato, nos atinge? Será que nós não criamos, por vezes, uma couraça ao redor do nosso coração para que as flechas da palavra de Deus não nos atinjam? Será que não empunhamos a couraça da nossa própria justiça e bondade e dizemos: Se arrepender? Eu? Por que eu? Porque mudar a minha vida? Não sou porventura membro da igreja? Cuidado. Muito cuidado. Por nossas próprias forças não podemos fazer com que a palavra de Deus nos atinja, mas podemos criar uma couraça que resiste a ação da palavra de Deus. Quando isso acontece a vida espiritual esfria e não aparecem os resultados do arrependimento e da nova vida.

A orientação do apóstolo Pedro: Salvai-vos desta geração perversa vale também para nós. Como igreja, como pessoas que foram chamadas para fora do domínio do diabo, para fora do mundo, não podemos nos conformar com este século, mas abandonar tudo aquilo que é contrário ao nosso Salvador e a sua santa vontade. Por isso, querido irmão, querida irmã, como está a nossa vida? Estamos gostando de tudo que o diabo e o mundo nos oferece, ou estamos sendo transformados diariamente pela renovação da nossa mente, e experimentando a boa, agradável e perfeita vontade de Deus?

Que faremos, irmãos? (Parte 2) – Nivaldo Schneider

Sempre que a palavra de Deus atinge o nosso coração, não ficamos em cima do muro. Ou a pessoa aceita a palavra, crê nela; ou a rejeita. Os ouvintes de Pedro, reconhecendo a verdade que ele tinha pregado, que eles mataram a Jesus, mas que Deus o ressuscitou e o fez Senhor sobre tudo, ficaram perturbados e num grito de desespero, perguntaram:  “Que faremos, irmãos? Em outras palavras: O que precisamos fazer”? Como podemos sair deste beco, sair desta situação?

A resposta de Pedro, diante desta pergunta cheia de angústia foi: “Arrependei-vos e cada um de vós seja batizado em nome de Jesus Cristo para remissão dos vossos pecados, e recebereis o dom do Espírito Santo”. Em outras palavras Pedro estava orientando aquelas pessoas a dar meia volta no seu modo de pensar e de viver. Meia volta em direção a uma nova vida. Sabemos que também no arrependimento a força e a vontade não procedem do homem, mas de Deus. A Bíblia é muito clara quando afirma que é Deus que nos leva ao arrependimento.

Arrependei-vos e cada um de vós seja batizado. O batismo é o meio da graça que Deus nos deu para levar as crianças a fé, o único meio,  e para os adultos o batismo confirma a fé obtida e criada pelo Espírito Santo mediante a palavra de Deus.

E recebereis o dom do Espírito Santo. Em outras palavras receber o próprio Espírito Santo. Pedro está dizendo que os seus ouvintes iriam receber o Espírito Santo como presente. É importante ressaltar que o Espírito Santo não é recebido como pagamento por alguma ação do homem. Ele é um presente. O maior presente que Deus pode dar a alguém aqui no mundo. Esse presente é recebido por todos aqueles que ouvem a palavra e nela creem.

O vers. 39 diz: Pois é para vós a promessa, para vossos filhos, e para todos os que ainda estão longe, isto é, para quantos o Senhor nosso Deus chamar. Estas palavras são aplicadas ao povo do AT, mas com a vitória de Jesus sobre a antiga serpente na sua ressurreição, começaram os últimos tempos. E estes últimos tempos estão diretamente ligados à primeira promessa que Deus a Adão e Eva logo após a sua quedaem pecado. Que promessa? A promessa de enviar o Descendente da mulher que esmagaria a cabeça da serpente, libertando os descendentes da mulher do domínio do diabo. Este esmagamento aconteceu quando Jesus gritou vitorioso lá na cruz: Está consumado e ressuscitou ao terceiro dia. Agora as portas da salvação se abrem para o mundo. O chamamento daqueles que ainda estão longe começou exatamente no dia de Pentecostes, e todos quantos Deus chamar, ou seja, todos que o Espírito Santo atingir com a palavra, serão salvos.

O vers. 40 diz: Com muitas outras palavras deu testemunho e exortava-os, dizendo: Salvai-vos desta geração perversa. Este é o centro da mensagem. Geração perversa não é apenas aquela que vivia na época do NT e que rejeitou a Cristo. Geração perversa é aquela que, sem cessar, desde os primórdios da salvação de Deus, rejeita o seu plano de salvação. Na época de Moisés foram aqueles que endureceram os seus próprios corações. Moisés afirma que “procedem corruptamente contra o Senhor, já não são seus filhos e, sim, suas manchas: é geração perversa e deformada” (Dt 32.5). O salmista Asafe se refere a estes, dizendo que são “geração obstinada e rebelde, geração de coração inconstante e cujo espírito não é fiel a Deus” (Sl 78.8).

Que faremos, irmãos? (Parte 1) – Nivaldo Schneider

Que devo fazer para ser salvo? Pergunta o carcereiro de Filipos. Como posso alcançar um Deus misericordioso? Perguntava Lutero antes de encontrar a verdade do evangelho. Que faremos, irmãos? Perguntam os ouvintes do sermão do apóstolo Pedro no dia de Pentecostes.

Na ânsia da busca por coisas materiais e terrenas, facilmente corremos o risco de esquecer a pergunta fundamental da nossa vida, ou seja, a pergunta pela salvação. O texto de At 2 fala a respeito disso. Por isso, baseados nele, queremos meditar sobre o tema: Que faremos, irmãos?

O texto está inserido no contexto do episódio do primeiro Pentecostes da igreja cristã em Jerusalém, relatado por Lucas no início do capítulo 2 de Atos. Pedro, em nome dos onze, tomou a palavra, e dirigiu aos milhares que haviam sido atraídos por aquela cena impressionante, o som de um vento muito forte, as línguas como de fogo, como chamas sobre eles e a pregação do evangelho em pelo menos 15 línguas diferentes e fez aquele vibrante sermão que teve como resultado a conversão de quase três mil pessoas. O nosso texto apresenta a conclusão do sermão de Pedro e a reação entre os ouvintes.

Do começo do sermão de Pedro o nosso texto salta até o final: Esteja absolutamente certa, pois, toda a casa de Israel, de que a este Jesus que vós crucificastes, Deus o fez Senhor e Cristo. (v. 36). O apóstolo Pedro, pregador deste sermão maravilhoso está absolutamente convencido de que o desprezado Jesus, homem do interior da Galiléia, da desprestigiada vila de Nazaré, foi feito Senhor e Cristo. Esta era uma notícia assustadora para os adversários, mas uma notícia maravilhosa para os que nele creem. Pedro estava diante dos mais altos representantes da “casa de Israel”. Eles são os primeiros que devem ouvir como se cumpriram as promessas de seu Deus e Senhor.

Vejam que vergonha. Pedro prega uma lei duríssima, mostrando que os mais altos representantes da “casa de Israel” crucificaram o seu próprio Senhor.

Seus olhos agora se abriram para a sua terrível atitude para com Jesus. Não apenas pelo seu ato criminoso, mas também para a culpa de sua incredulidade. Em última análise, a incredulidade está sempre na raiz de toda a alienação de Deus e a lei deve revelar essa causa profunda. Eles sentiram um profundo pesar de terem ofendido a Deus e esse sentimento é o começo do verdadeiro arrependimento causado pela lei de Deus. Enquanto a pessoa apenas lamenta as más conseqüências causadas na sua vida pelos seus pecados, ainda não foi atingida pela lei de Deus.

A terrível rejeição de Jesus pelo povo de Israel fez com que todos que estavam fora do círculo da “casa de Israel” tivessem acesso a esta mensagem. Entre estes que estavam fora, estamos todos nós.

Qual foi o resultado da pregação de Pedro? Diz o nosso texto que “ouvindo eles estas coisas, compungiu-se-lhes o coração e perguntaram a Pedro e aos demais apóstolos: Que faremos, irmãos? Vejam que o Espírito Santo entrouem ação. Pela palavra que Pedro pregou, ele atingiu aqueles corações que procuravam a verdade, o consolo.

O que é compungir o coração? O verbo original dá idéia de um transpassar, como de uma flecha. Por detrás destas flechas não estava uma simples palavra humana, mas o próprio Espírito de Deus que atua pela palavra. Uma flecha de aço mata o homem quando penetra em seu coração. A flecha do Espírito Santo, a palavra de Deus, mata e vivifica ao atingir o coração: mata o velho homem, a velha natureza, que serve ao diabo e as suas forças; e vivifica, faz renascer o novo homem, criado segundo Deus. Isto não significa o término da lutaem nós. Nomomento em que, pela graça de Deus, e pelo poder do Espírito Santo agindo no evangelho, nos tornamos filhos de Deus, começa em nós a luta diária e constante entre o velho homem e o novo homem.